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Marcos de Desenvolvimento Infantil

08/06/2020

A intervenção precoce permite iniciar a estimulação adequada às necessidades da criança assim que são percebidos sinais sutis de atraso no desenvolvimento ou diante da presença de fatores pré, peri e pós natais que são fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos.

O termo precoce quer dizer que a estimulação é iniciada mesmo quando ainda não são observados prejuízos no funcionamento da criança.

É menos evidente os prejuízos no funcionamento de crianças menores de 18 meses porque nessa idade ainda não se espera um grau de independência e autonomia tão significativo como o esperado em uma criança com 6 anos, por exemplo. Uma criança com dificuldades motoras ou de linguagem com 12 meses chamará bem menos a atenção da família e dos profissionais de saúde do que uma outra criança com dificuldades nessas áreas que já esteja inserida em uma escola com 6 anos. Por isso é fundamental conhecer os marcos do desenvolvimento na primeira infância (de 29 dias a 24 meses).

Embora seja esperada uma variação normal na idade com que são desenvolvidos estes marcos de criança para criança, há um intervalo de tempo ideal (janela de oportunidade para o desenvolvimento) em que se espera que todas as crianças com desenvolvimento típico tenha desenvolvido determinados comportamentos. Fora desse tempo o sistema nervoso da criança estará menos responsivo às estimulações do ambiente, dificultando a aquisição destes marcos. Por isso é fundamental identificar sinais discretos de atraso quando estes ainda estão bem próximos do tempo ideal (janela de oportunidade) em que se esperava que tais comportamentos se desenvolvessem.

Por exemplo, espera-se que uma criança seja capaz de:

  • Sorrir espontaneamente (sorriso social) entre 2 e 4 meses de idade;
  • Levantar e sustentar a cabeça apoiando-se no antebraço quando colocada de bruços entre 2 e 5 meses de idade;
  • Balbuciar (emitir algum som) entre 2 e 5 meses de idade;
  • Reconhecer quando falam com ela entre 5 a 9 meses de idade;
  • Sentar sem apoio entre 5 e 10 meses de idade;
  • Distinguir entre pessoas familiares e estranhos entre 6 e 11 meses de idade;
  • Imitar pequenos gestos ou brincadeiras de 6 a 12 meses de idade;
  • Falar ao menos uma palavra com sentido entre 9 a 15 meses de idade;
  • Fazer gestos com a mão e cabeça (tchau, não…) entre 9 e 15 meses de idade;
  • Andar sozinha entre 10 e 15 meses de idade;
  • Combinar 2 palavras para formar frases (“quer mamá”) entre 13 e 24 meses.

Crianças com fatores de risco para transtornos ou que já apresentam sinais de atraso no neurodesenvolvimento (ausência de um ou mais comportamentos esperados para a idade) devem receber estimulação precoce.

Os principais fatores de risco para transtornos do desenvolvimento são uso de drogas lícitas e ilícitas durante a gestação, prematuridade, baixo peso ao nascer, complicações peri e pós natais como sofrimento fetal e hipóxia neonatal. Na presença destes fatores de risco, quando ainda não há sinais de atraso no desenvolvimento, a estimulação precoce pode ser feita em casa pelos pais e cuidadores principais.

Na ausência de um ou mais comportamentos esperados para a idade (atraso nos marcos do desenvolvimento) é recomendada a estimulação com profissional especializado, que a depender da área que se verifica o atraso, pode ser feita com fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicóloga, etc.

Além de evitar maior prejuízo em decorrência do atraso, a intervenção precoce pode ser fundamental para auxiliar no estabelecimento do diagnóstico.

O fato da criança não começar a apresentar os comportamentos típicos para a idade (marcos), mesmo após ser submetida à intervenção precoce com profissional especializado, é um importante sinal de que se trata de um transtorno do neurodesenvolvimento.

Ao contrário, se após a intervenção precoce ela desenvolve os marcos esperados para sua idade, é bem provável que houvesse fatores ambientais que estivessem causando o atraso no desenvolvimento.

É sempre importante estarmos atentos ao desenvolvimento dos comportamentos esperados para a idade de nossos filhos e não demorar para iniciar a estimulação adequada.

Mesmo na ausência de fatores de risco para transtornos, crianças que passam muito tempo em ambientes com estimulação empobrecida podem apresentar prejuízos em seu desenvolvimento em decorrência da falta de estímulos adequados.

Por Gisele Silva Corrêa, Neuropsicóloga e mãe do Apolo.

 

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