A gente não dá conta. Simples assim.
A gente pode até eleger algumas prioridades, e tê-las como foco da nossa sanidade, mas dar conta de toda a vida de mãe, não se dá não.

Não dá conta de cumprir todas as expectativas, os sonhos, o planejamento. Não dá conta dos palpites, do cansaço, da louça na pia. Não dá conta de toda a demanda, de estar sempre no aqui e agora, de estar receptiva a todos os momentos que o filho busca o seu olhar para obter segurança.

Não dá conta de fazer vídeos de momentos especiais. De oferecer todas as refeições com os nutrientes ideais. De lembrar de todos os compromissos sem ter uma agenda.

Não dá conta de participar dos eventos sociais, de se manter atualizada sobre as amigas, de um jantar em família. Não dá conta de se autocuidar como deveria, de assistir as séries que gosta, de cozinhar pratos elaborados. Não dá conta de perceber o filho crescendo e deixando de entrar nas roupas.

Não dá conta da saudade antecipada. Dos choros intermináveis (nem dos seus, nem dos filhos). Das dores dos filhos que passam a ser as suas.

E se você presenciar alguma gestante ou mãe desabafando sobre o medo de não dar conta, diga a ela, do fundo do coração, de que ela realmente não vai dar conta. E que está tudo bem não dar conta. Mas por favor, se você for citar alguns dos itens que ela não dará conta da vida de mãe, deixe claro também que: além de não dar conta de tantas coisas, você também não dá conta do amor que cresce a cada dia. E que esse é o não dar conta que compensa todo o resto da lista!

Por Victória Moraes, mãe do Miguel e autora do @maos.de.mae